A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Osvaldo Ferreira Brandão conta, atualmente, com 38 alunos de inclusão. O educandário é o que mais recebe crianças e jovens com deficiência no município.

A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Osvaldo Ferreira Brandão conta, atualmente, com 38 alunos de inclusão. O educandário é o que mais recebe crianças e jovens com deficiência no município. Esses estudantes vão para a escola por indicação de outros educandários e da própria Secretaria de Educação. À tarde, é oferecido reforço onde os professores apontam as dificuldades a serem sanadas, profissionais da área da fonoaudiologia e da psicopedagogia atendem os alunos e também há a sala do Atendimento Educacional Especializado (AEE).

A diretora Iara Fazenda Machado, que está na escola desde sua fundação, em 1991, conta que três anos mais tarde, chegou o primeiro aluno com deficiência, um cadeirante. “Depois, vieram os surdos... E, em 2011, começaram a entrar outros estudantes de inclusão, com outras deficiências”, explicou. De acordo com ela, logo que tudo começou, havia uma restrição grande com relação a estes estudantes especiais. “Agora, não. Eles são muito bem recebidos. No geral, os colegas não fazem diferenciação. Ajudam ao máximo. São amigos, bons para eles”, comentou Iara.

A professora de AEE, Elisabethe Frühauf Pereira, que também trabalha há anos na Osvaldo Brandão, destacou a parceria e do grupo de professores da instituição. “Eles têm um perfil... Sabem que em algum momento terão em sua sala de aula um aluno especial”, comentou, acrescentando: “O preconceito é algo que não existe aqui na nesta escola”.

Iara e Bethe contaram que a aprendizagem desses alunos não deixa a desejar. A escola trabalha com um currículo adaptado, no qual o conteúdo repassado aos estudantes é o mesmo. “Mas temos uma maneira mais simplificada de passar esse conteúdo e de realizar as avaliações com eles”, explicaram. Sobre os avanços conseguidos pelas crianças ao longo do tempo, as professoras se orgulham. “São pequenas vitórias diárias que enxergamos neles, que nos enchem de entusiasmo para continuar”, frisam. Para elas, essas crianças especiais dão aula de como viver com alegria e valorizar aquilo que têm. “Eu digo para as outras turmas às vezes, muitos de nós temos tudo e não damos valor. Eles valorizam cada conquista”, falou Bethe. “O olhar brilha quando eles aprendem um pouco a mais, a recompensa é para eles e para a gente. Todos ficam felizes juntos: a criança, o professor e todo o grupo”, completaram.

Surdos

Hoje, a escola conta apenas com uma aluna surda. Entretanto, houve um tempo em que eram tantos, que formavam uma turma. No que tange a esse tema, especificamente, Bethe Frühauf Pereira sabe contar detalhes. Isso porque tudo começou com ela. Na época, trabalhando na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), ela foi convidada pela Secretaria de Educação a fazer um curso para trabalhar com surdos.  “Os pais dos surdos procuraram a Prefeitura, pois queriam transporte para uma escola para surdos em Porto Alegre. O prefeito da época achou melhor fazer na escola Osvaldo Brandão, pois tinha mais surdos nesta região. Assim, antes de terminar o curso, comecei a atender os surdos na cara e na coragem”, recorda.

Retorno positivo das famílias

Hector Bastos Flores tem 13 anos e estuda no 7° ano B. Maria Elisete da Silva, a “tia Negrinha”, como o menino chama, cuida dele há oito anos. “Ele é muito amoroso. E tem muito amor por mim, acho que ele sente que sou o porto-seguro dele”, comentou a tia. O jovem foi diagnosticado com síndrome de asperger (transtorno do espectro do autismo) quando ainda era pequeno.

De acordo com Maria Elisete, Hector gosta muito do colégio. “O colégio é de primeira. Ele é muito bem recebido lá”, afirmou, dizendo que o problema, muitas vezes, são os pais dos alunos, que não aceitam muito bem essa diferença.  A tia conta que Hector tem o tempo dele, mas é muito inteligente. “Depois de algum tempo, ele acaba se desconcentrando... Mas poucos têm a inteligência que ele tem. Ele pesquisa tudo na internet... O médico fica admirada”, conta Elisete, orgulhosa.

“Esse deficiente tem que se sentir realmente aceito onde ele está estudando”

A presidente da Associação Pequenos Notáveis, Lisiane Borba, falou sobre o tema que, na opinião dela, é “bastante polêmico”. “Educação inclusiva é incluir realmente o deficiente na escola, em todos os sentidos. Dar meios para sua autonomia como locomoção, higiene, sala de aula, na hora do recreio, na hora do lazer, na hora do aprender, na convivência com colegas e demais da escola”, explicou. Para ela, incluir não é só dizer que aceita o deficiente na escola, e sim criar meios para que ele seja realmente incluído.

Lisiane comenta que, muitas vezes, ouve as pessoas dizendo que é muito difícil fazer a inclusão. “Para ela realmente acontecer não basta só amor. Falo isso porque vejo o amor enorme de muitas professoras fazendo de tudo para aceitar o aluno deficiente, mas além desse amor e no grande trabalho que elas desenvolvem, temos que ter uma conscientização de toda a escola, de toda a sociedade, dos próprios pais que frequentam essa escola. Não pode ter preconceito, pena... Esse deficiente tem que se sentir realmente aceito onde ele está estudando”, afirma.

A presidente da Associação Pequenos Notáveis analisa que em Taquari as escolas municipais tem maior número de alunos com deficiência do que as outras. Para ela, isso mostra que, pelo menos a municipal está “tentando ver a deficiência de outra forma”. Lisiane garante que, para que uma escola seja “referência de escola inclusiva” ela deve, no mínimo, ter o que eles realmente precisam para estarem incluídos. “E isso depende de todos nós, porque se desistirmos dessa inclusão e não fizermos nada, ela não acontecerá. Por isso, a Associação Pequenos Notáveis vem buscando informar, ajudar e até mesmo criar campanhas para conscientizar as pessoas sobre a deficiência”, conclui.

Fonte: Assessoria de Imprensa

Data de publicação: 20/04/2016

Créditos: Anna Precht/O Açoriano

Créditos das Fotos: Paula Rosa/O Açoriano

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